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A Imperatriz de Ferro, de Jung Chang

Conheça a mulher mais poderosa da China

Cixi ficou conhecida ao longo dos anos como a Imperatriz de Ferro. Parte importante da história da China, enquanto personagem do legado do país, ela viveu momentos relevantes e que se tornaram parte de diversos momentos. Muito mais que ser considerada, a mulher mais importante da história chinesa, sua arquitetação para que o país deixasse o aspecto medieval e se tornasse uma aspirante potência moderna, é referenciado como parte do legado de Cixi.

Jung Chang é responsável por escrever o que pode ser considerada como a biografia mais completa de Cixi. A Imperatriz de Ferro, livro publicado em 2014 pela Editora Companhia das Letras no Brasil, é o resultado de um amplo trabalho de pesquisa, realizado pela biógrafa chinesa.

Outras de suas obras de Jung Chang, foram lançadas no Brasil, sendo:

  • Cisnes Selvagens (Companhia de Bolso, 2006)
  • Mao: A História Desconhecida, escrito em parceria com Jon Halliday (Companhia das Letras, 2012)
  • Três irmãs: As mulheres que definiram a China moderna (Companhia das Letras, 2021)

A Imperatriz de Ferro, de Jung Chang, é de certa forma uma tentativa de equiparar o apagamento que Cixi sofreu ao longo dos anos sobre o seu legado e o quanto ela foi relevante na construção da China moderna. Comum em países que se originam de um regime de governo absolutista e ao mesmo tempo, não era comum dar os devidos créditos a protagonistas femininas ao longo da história.

O que Cixi sofreu foi um verdadeiro apagamento, onde apesar dos seus atos deméritos como governante terem se tornado conhecidos, os méritos na transformação da China foram ignorados. Percorrendo pouco mais de 50 anos da trajetória de Cixi, A Imperatriz de Ferro apresenta o pontapé inicial da jornada de sua personagem principal aos 16 anos, quando é escolhida como concubina do então Imperador Xianfeng.

No período, o Imperador poderia escolher a quantidade de concubinas que lhe agradasse. A seleção das candidatas era realizada, através de algo bem próximo de um concurso. Era comum na época, que famílias chinesas preparassem suas filhas para o momento, considerado de certa forma um ‘orgulho’. Desde que foi escolhida como concubina, as descrições da personalidade de Cixi se tornam evidentes. Alguns deles se tornaram bem conhecidos e certamente influenciaram em suas decisões.

Um dos momentos lembrados na infância da Imperatriz é que com 11 anos, ela era considerada uma grande sábia por sua família, uma vez que ajudava não apenas com o trabalho, mas, com conselhos, que eram usados para quitar uma dívida de seu avô com o Imperador. Com a morte do Imperador Xianfeng, o que ficou conhecido como um ‘golpe’ durante anos na China, foi a ascensão de Cixi e o seu filho, o Imperador Tongzhi.

E um dos principais pontos que o livro A Imperatriz de Ferro se dedica é justamente em evidenciar a relevância de sua protagonista nos momentos mais importantes na mudança da relação da China com o resto do Mundo. Isso se firmaria com Cixi, organizando a subida de seu filho adotivo, o Imperador Guangxu.

Cixi apesar de lembrada por suas conquistas enquanto mente a frente do seu tempo na China, também é creditada por suas decisões controversas, como por exemplo: os mandados de assassinatos para alguns de seus principais opositores à sua estratégia de governar o seu país. A Imperatriz de Ferro também foi responsável pela abolição da morte por mil cortes, além da proibição da prática martirizante, onde mulheres Han, tinham os seus pés quebrados para não crescerem.

A biógrafa Jung Chang por meio de documentos oficiais, faz uma extensa pesquisa e apresenta ao leitor, os momentos chaves da jornada de Cixi. Muito mais que uma articuladora do processo de modernização da China, com apresentação de novas tecnologias, indústrias, ferrovias, eletricidade e armamentos, ela é historicamente um dos principais nomes femininos da formação da sociedade chinesa. Seu período como governante se mostrou relevante, que levou a China para outro patamar no cenário mundial, mesmo passando por revoltas, como o Levante dos Boxers (1900 – 1901).

É inegável a tentativa de apagamento de Cixi da história de modernização da China. A Imperatriz de Ferro apresenta ao leitor uma visão objetiva, recheada de contexto histórico, sobre uma das personalidades mais importantes da formação e transformação de um país. Sem eximir a protagonista dos seus erros e acertos, o livro de Jung Chang é sobre um legado sólido que foi construído.

★★★★★
A Imperatriz de Ferro de Jung Chang conta com 552 páginas e foi lançado no Brasil em 2014 pela Editora Companhia das Letras, com tradução de Donaldson M. Garschagen.

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