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Eu Mato Gigantes, de Joe Kelly e JM Ken Niimura

O premiado quadrinho Eu Mato Gigantes, lançado em 2013 no Brasil pela Editora NewPOP, pode ser considerado como um dos principais lançamentos do cenário indie, daquele ano. A publicação que angariou alguns prêmios ao redor do mundo, carrega consigo algumas mensagens importantes e que se mostram interessantes, mesmo com uma releitura, e principalmente por isso, onde as camadas desenvolvidas por seus criadores, tomam forma de fato, contribuindo para que a experiência de leitura, se torne madura e que de fato, você consiga extrair, ainda mais pontos relevantes do roteiro da publicação, que é totalmente estruturado com este objetivo final.

Eu Mato Gigantes, quando chegou ao Brasil, foi recebida como grande destaque pela mídia especializada, afinal de contas, o quadrinho, trabalhava de forma eficiente, os sentimentos da protagonista de um ponto-de-vista, pouco convencional. Se a história do quadrinho, não fez com o leitor se emocionasse nas entrelinhas, algo de fato estava errado, com o momento que o leitor escolheu e por isso, uma releitura, é a opção mais importante e inteligente, para que esses questionamentos sejam respondidos de forma mais pessoal, para que se propõe a embarcar pela primeira ou segunda vez, na obra de Joe Kelly e JM Ken Niimura.

Além da conexão, já comentada, Eu Mato Gigantes, apresenta uma protagonista, fora dos padrões convencionais. Apresentados a Bárbara Thorson, uma jovem que enfrenta problemas comuns de sua adolescência, como a falta de interesse por estudar e estar focada nos seus projetos, que incluem matar gigantes, um diretor que basicamente toda semana, está colocando a jovem na detenção, os valentões da escola e uma tentativa de amizade, cheia de altos e baixos. Pressupondo tantos problemas para conectar à protagonista com toda a ambientação do quadrinho, há segredos que apenas com uma leitura atenta, poderão ser analisados, atingindo a verdadeira finalidade de sua mensagem.

Joe Kelly explora muito bem, através dos roteiros do quadrinho, as qualidades e o caráter de Bárbara Thorson, a protagonista. Ainda que envolta de vários percalços, a personagem é desenvolvida de forma estruturada, o que emprego certo dinamismo que é muito bem alinhado com a arte de JM Ken Niimura. Apesar de não ter a leitura no sentido oriental, Eu Mato Gigantes, lembra e teve sua concepção inspirada em mangás. Essa característica criativa é empregada em concordância com toda a história, que assume em muitos momentos, um tom pessoal, que é explicado ao leitor, nos extras do encadernado.

O flerte do quadrinho com uma história fantasiosa que é explorada através dos sentimentos da protagonista, que precisa lidar com diversos problemas, entre eles seus próprios medos, é contada sob a perspectiva de um RPG. Citado em alguns momentos, Eu Mato Gigantes, funciona como catalisador de ideias que precisam funcionar entre si e que no final das contas, combinam muito bem. Vale ressaltar que o quadrinho foi publicado nos Estados Unidos pela Image Comics, uma editora conhecida pela liberdade que dá aos seus criadores, para suas publicações de modo geral. Essa liberdade de expressão, faz todo sentido, ao chegar no final deste quadrinho.

Eu Mato Gigantes é um acerto de seus criadores, ao empregar um tom pessoal, que emprega aos personagens, uma luz própria e entrega ao leitor, uma experiência satisfatória. Roteiro e arte do quadrinho, conversam muito bem, desenvolvendo um tom poético à jornada de Bárbara Thorson e que no final das contas, nada mais é que sua inseguranças e traumas, sendo retratadas de forma cuidadosa e dando voz à leitores que podem captar todos os ensinamentos nas entrelinhas a partir das ideias de Joe Kelly e JM Ken Niimura.

★★★
Eu Mato Gigantes, de Joe Kelly e JM Ken Niimura, foi publicada em 2013 pela Editora NewPOP no Brasil, com tradução de Fábio Garcia.

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