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O canibal de Nine Elms, de Robert Bryndza

Depois de alguns anos, os livros encontraram um novo público, os apreciadores de suspenses. Quase um delírio coletivo, livros de suspense, que abordam crimes e por consequência, há um interesse ainda maior quando se fala em true crime. O autor Robert Bryndza, é um exímio expoente deste gênero literário. Abrindo portas para um universo de investigação, quebra-cabeça e muita investigação, o seu livro O canibal de Nine Elms, é uma porta de entrada sem grandes traumas para histórias envolvendo serial killers.

Com ambientação em Londres, mais especificamente no bairro Nine Elms, conhecemos a protagonista Kate Marshall. Apresentada como a habilidosa detetive, o livro apresenta um outro personagem relevante, Peter Conway, o Inspetor-Chefe e naturalmente seu supervisor. O grande plot desta história é desenvolvido a partir do primeiro capítulo. Isso poderia ser óbvio, na construção da narrativa, mas Robert Bryndza decide caminhar por uma trama mais tangível ao leitor. Além de reviravoltas que serão encontradas no livro, ele desenvolve as consequências de revelar nas primeiras páginas o nome do serial killer.

O canibal de Nine Elms, coloca como personagem principal nas primeiras páginas do livro, um serial killer que tem atormentado algumas mulheres, principalmente nas redondezas do bairro Nine Elms. É engraçado como o autor, inicialmente limita a narrativa e na metade do seu desenvolvimento, resolveu extrapolar os limites de Londres. Com um modus operandi de causar náuseas, vítima por vítima, tem sua história revelada. E pouco a pouco, Kate Marshall vai sendo inserida como parte principal do quebra-cabeça que revela a verdadeira identidade e sua proximidade com o assassino.

Uma passagem no tempo é utilizada para que a narrativa de O canibal de Nine Elms, primeiramente se torne mais ágil e fuja do convencional, mas seja contada sob uma nova perspectiva. Agora Kate Marshall é uma professora, tem um filho e nas horas vagas com o retorno dos assassinatos, resolve investigar juntamente com seu estagiário. Elementos clichês para histórias envolvendo um serial killer, porém são desenvolvidos com certa expertise pelo autor. Esse aspecto cuidadoso da escrita de Robert Bryndza, torna a leitura interativa em muitas direções: a mudança de vida de Kate Marshall e Peter Conway, o filho de Kate Marshall que se torna peça fundamental na segunda parte do livro e principalmente, a chegada de um imitador.

Um bom thriller, seja qual o seu caminho a ser percorrido, precisa estabelecer camadas e desenvolver tanto as narrativas quanto seus personagens. E o risco de abrir a história em excesso, fazendo do quebra-cabeça uma junção de diversos personagens secundários, pode ser mostrar um erro e Robert Bryndza, limita muito bem, o que cada personagem contribui em relação aos crimes que vem assolando Nine Elms. Neste caso, mesmo os recursos: assassinatos, vítimas e imitadores, conseguem conversar entre si e estabelecer um nível bom na trama principal.

Sem perder sua proposta principal, O canibal de Nine Elms é um thriller com começo, meio e fim, muito bem desenvolvido. Os personagens principais, ainda que a atenção se concentre em Kate Marshall e Peter Conway, não retiram os personagens secundários. Cada um contribui de uma forma muito específica à grande narrativa do livro. O seu desenvolvimento como trama, não é pautada apenas em prender o principal culpado pelos assassinatos, mas mostrar as consequências que de certa forma, impactaram diretamente em cada um destes personagens.

Apesar de alguns problemas, o livro O canibal de Nine Elms é muito bem conduzido por seus personagens e trama, sob a escrita cuidadosa de Robert Bryndza. A protagonista é interessante, revelando problemas muito além do seu envolvimento pessoal com o serial killer. De fato o livro se resume a uma boa leitura, até mesmo uma porta de entrada para o gênero.

★★★
O canibal de Nine Elms conta com 352 páginas e foi lançado no Brasil em 2021 pela Editora Gutenberg, com tradução de Marcelo Hauck.

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