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Easy Breezy, de Yi Yang

Enquanto os mangás foram ganhando o mercado brasileiro ao longo dos anos e hoje tornando o público nacional, um dos maiores do mundo, essa mesma facilidade não foi o mesmo caminho de sucesso, para outras obras asiáticas, como os manhuas (quadrinhos chineses). De fato existe uma demanda ainda não suprida por essas obras, mas alguns começos podem revelar leituras interessantes, como é o caso de Easy Breezy, que conta com roteiro e arte de Yi Yang, publicada no Brasil pela Editora Comix Zone.

Easy Breezy aposta numa narrativa universal, a união de garotos, em busca de uma aventura. Essa premissa básica, poderia render uma história excelente ou poderia cair no gargalo dos roteiros clichês. Explorar a juventude como contexto principal, por mais fácil que seja, pode se tornar uma experiência não tão agradável. Seguindo por um caminho oposto, Yi Yang, se apossa desse plot, explorando a delinquência de alguns jovens, que são colocados no meio de uma trama cheia de aprendizados.

Apresentados ao rebelde Li Yu, diretamente somos conectados ao nerd Yang Kuaikuai, onde juntos eles vivenciam uma coincidência nada agradável da juventude. Li Yu participa do roubo de uma van, ao lado do seu tio Ya. Testemunha do roubo, Yang Kuaikuai, é hostilizado por Li Yu, que acaba descobrindo uma terceira pessoa, uma garotinha que havia sido sequestrada. A jornada dos três personagens, antes vista como por acaso, é conectada por uma série de desdobramentos, que visam no final das contas, a grande reflexão.

O clima dos anos 90, empregado por Yi Yang é fundamental para o desenvolvimento de Easy Breezy. A atmosfera criada por sua narrativa, ao mesmo tempo que mostra certa inocência aos seus protagonistas, trata de um tema sério e delicado. De forma didática, o roteiro do quadrinho ambienta com diálogos ágeis, todo o contexto necessário para que o leitor possa se ambientar com a jornada de cada um dos personagens.

Quando se percebe, Easy Breezy, é transformada numa grande história sobre sequestro, com o envolvimento sob o olhar de três crianças. Na maioria das vezes, o manhua lida com as questões mais complexas, fazendo um mix entre arte e diálogo, utilizando sua paleta de cores, totalmente ao seu favor. Neste ponto, o talento de Yi Yang na construção de seus personagens, design e roteiro, ficam evidentes e agradam.

A arte de Yi Yang é dinâmica e exagerada, de forma proposital. Muito mais do que o seu próprio estilo, Easy Breezy, encadeia algumas reflexões ao longo de suas páginas. Tudo parece escolhido para um resultado calculado pela autora, e que no final das contas, reforçam sua habilidade, enquanto contadora de história. Muito mais que uma trama sobre aventuras perigosas, o manhua fala sobre suas consequências diretas, para no final, entregar uma história coesa sobre amadurecimento.

★★★★
Easy Breezy conta com roteiro e arte de Yi Yang e foi lançado no Brasil em 2022 pela Editora Comix Zone, com tradução de Fernando Paz.

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